BARRA DE JEANS - TEATRO DE MARCO MENDES di SIERVULI

tudo aquilo. Guilherme, eu prometo a você que nunca mais ninguém transa minha cabeça. Ninguém mais entra aqui dentro. Acabou, acabou...
Marcita vai se abaixando, bem devagar, até ficar de joelhos. Coloca a cabeça entre as pernas. Edu pega novamente a bandeira, colocando-a sobre o corpo de Marcita, e com calma faz afagos em seu rosto. Vai ajudando-a a levantar, vestida com a bandeira. Marcita e Edu saem do palco pelo mesmo lado que entraram. Lois vendo a cena, retira-se mais para trás. As roupas de Marcita devem ficar no mesmo lugar em que ela deixou.
Banana:
Nunca mais. Estamos ficando duros, com medo, com desejo e com uma terrível culpa de não sei o quê. Muganga:
Estamos tentando explicar uma coisa da qual não sabemos.
João:
Estamos, sim, é querendo justificar.
André:
É possível, contando que amanhã, de alguma forma, terá que haver uma resposta. Temos que seguir caminho.
João:
Vamos voltar para nossos quartos.
Gioconda:
É isso aí, João. Vamos comer bastante chocolate, até ficarmos bem gordos.(bochecha cheia, imita uma gorda) Igual a um porco chauvinista, bem porcalhão.

PAGE 46

André:
Você sabe que seria um meio de se fazer um protesto.
Gioconda:
O que? Um porco chauvinista?
André: (rindo)
Não. Todos nós gordinhos, andando pelas ruas, bares e boates da vida.
Gioconda:
Sei.(olha para sua barriga e passa as mãos pelas nádegas)
Muganga: Gorda. Foi uma grande guerreira viking.
João:
Só se foi na cozinha.
André:
Tai. A cozinha é um bom lugar para se começar. É na cozinha que tudo tem seu início. De certa forma, a cozinha ainda é o lugar mais importante de uma casa. Politicamente falando, dentro de um país tem que existir a feitura. Esse ato de se fazer vem justamente da cozinha, como, por exemplo, a máfia tem uma cozinha bem temperada. Vocês entendem?
Banana:
O homem tenta o melhor para si. No caso, em se tratando de uma feitura que somente diz respeito a nós, tem que ser bem feita e da melhor qualidade. Vamos esquecer logo.
Muganga:
Tenho uma receita aqui, na ponta da língua. Uma torta de cerveja, recheada de amendoim, e bem gelada.

PAGE 47