Não podemos sair por aí numa louca luta de rua.
Não daria certo. E somente iria aumentar o número de perda para o nosso lado.
Na minha opinião, devemos dar em troca um silêncio de pesquisa.
O melhor momento é agora.
Temos que continuar estudando, criando,tocando nossa música e vivendo.
Porque uma coisa é certa: tudo que acontece no país não tem campo de vida. Vocês me entendem. É frágil demais. Amanhã nosso saber, nosso conhecimento histórico terão tradição e nos darão a vitória.
Edu:
E a raiva que sentimos?
Vai ficar em repouso também?
Não, não vai. Ou você pensa que está tudo bem aqui dentro?
(bate no peito com as mãos fechadas)
Você ficaria sem fazer nada vendo um amigo seu ser espancado na rua, covardemente?
André:
Tá ok. Também sentiria o que você está sentindo agora.
Somente penso que é burrice revidar desta maneira, na base do tapa. Não teríamos nenhuma chance. Será que você não antena para isso?
Muganga:
Temos que pensar, e não entrar na primeira questão como se fosse tudo decoradinho. Aqui não tem jeito de calar.
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Edu:
Eu disse que não concordo. A idéia é atrativa. Sei lá, eu tenho modos de reagir. Tenho que pensar.
Gioconda:
Posso falar?
Eu estou é querendo definir esses acontecimentos.
Minha cabeça está muito confusa. Meu pai já me deu a maior bronca. Não quero dizer com isso que ele vai mudar meu ponto de vista, mas também não posso, de repente, mudar a cabeça dele.
E além disso, tem aquele papo de que sou mulher e patatititi*. Eu vou tentar ser a mais autêntica possível. Esse negócio de violência não dá pra mim não. Existem outras maneiras.O André tem uma boa idéia.

(Edu chama a Gioconda com carinho, abraça-a e dá-lhe um tapa na bunda.)

Gioconda:
Pára com isso. Quantas vezes já falei que não gosto dessas brincadeiras?
Muganga:
Mudando o papo. Tem festa hoje?
Mô:
Tem e vai ser na casa da Gioconda.
Gioconda:
Eu vou chegar. Espero vocês as oito, ok?
(sai do palco).
Muganga:
E você, Mô? Tá caladinha?
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