BARRA DE JEANS - TEATRO DE MARCO MENDES di SIERVULI

Muganga:
Não tem nada o que falar não, heim?
André:
E não vai ser? Veja você. Será um grande engenheiro, bem realizado e feliz. E isso é um final feliz?
Muganga:
Pode até ser, mas nada disso vai mudar essa situação. Banana já fez uma coisa certa: pôs o pé na estrada. E não é hora de ficar questionando o futuro.
Jacyara: (muito alegre)
Meu pequeno príncipe, estou ouvindo sua canção. Sua guitarra é tão tinhosa e sinto uma coisa gostosa de sentir. Sinto saudades, carinho e um calafrio aqui na espinha. Ah, pequeno, que loucura! Não sei se você se lembra de ter pedido um abraço. (pausa.Ri) Sabe, príncipe, sonhei com você.(fica séria) E lá estava eu, perambulando cabisbaixa, triste, talvez numa rua deserta, suja de barro e desligada de tudo que se passava em volta, mas eis que, inesperadamente, surge um carro de onde eu não sei. Só sei que roncava muito o motor e a cor do carro chamou minha atenção. Era azul. Olhei e não dei pela coisa, mas o carro parou bruscamente bem perto de mim. Voltei rápida ... Era você. Atirei-me em seus braços (começa a olhar para todos. Vai até a bateria, sentam pega as baquetas e começa a bater, fazendo o maior “escafundel”).
Muganga:(gritando)
Que é isso? Tá maluca, tá?

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Jacyara:
Tô é puta com tudo. (e bate mais)
Muganga:
Pára com isso. (vai até ela e toma as baquetas) Qual é, heim?
Jacyara:
Me deixa em paz. (sai e caminha até o meio do palco, e diz) Vocês são todos uns merdas. É isso que vocês são: merdas. (vai até a ribalta, olha para a platéia e diz) E vocês, cambada de puxa-sacos? (vai até Mô e diz) E você, queridinha, não vai dizer nada? (volta, corre os olhos pelo palco, para diante da platéia, e diz) Eu estou somente querendo ser o que realmente é para ser. Não quero mais mentiras. Não quero mais chocolate de açúcar. Hipócritas. Tudo que está acontecendo aqui, nesse momento, é culpa da ganância, é culpa desse capitalismo de bosta que cheira muito ruim. Nunca vi tantos idiotas juntos.
Muganga: (gritando)
Jacyara, chegaaa......
Jacyara:
Paro, paro sim, mas em outro lugar. Aqui não fico mais. (sai feito maluca do palco)
André:
Ela está perdida.
João:
Perdida dentro da realidade.
Muganga:
Ela está cheio de fumo.
Gioconda:

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