Somos um povo bobalhão, não sabemos de nada que se passa nos bastidores, e nem temos uma idéia realista dos verdadeiros propósitos de nossos políticos. Hoje, nesse momento, temos medo do processo socialista, como se ele fosse um bicho- papão. Falar de comunismo é tão proibido como usar drogas. Não temos acesso a uma literatura de alto nível que trate do assunto com seus devidos méritos. E nisso tudo, a escola, o banco de transmissão de conhecimento, é o atrativo especial do regime. Nós temos nesse momento, é que ser mais uma vez mutantes. Temos que caminhar de alguma forma, nem que seja quebrando todas as nossas guitarras e esquecendo tudo. Apagar, nada mais.
Muganga:
Com o termo caminhar eu concordo. E é o único caminho inteligente. Agora, esquecer. Não, isso é irrelevante. Seria como dizer que somos um bando de idiotas e que não temos uma articulação à altura. Não é por um acaso que estamos aqui nesse momento. Temos uma vida inteira pela frente e não podemos parar justamente agora. E o futuro? Sem nossa luta, futuro não será. Até agora, somente queríamos a paz, o amor e muito chocolate. Temos que lutar contra qualquer tipo de estagnação cultural e do direito à liberdade. Não podemos perder o real valor da vida, que é o de sonhar. Não podemos deixar acontecer amanhã o que já aconteceu uma vez.
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Não quero minha casa, minha privacidade, ameaçada por um bando de bonecos que espancam e acabam com uma realidade camponesa em poucos segundos, como se fossem os semi-deuses do saber e do fazer.
Mô:
Estou calada há um bom tempo, escutando vocês, e , nesses termos, sou bem a prazer de tentarmos sentir, um momento, nossa posição perante os últimos acontecimentos. Temos colegas lutando contra toda a posição do governo. Já tivemos acontecimentos desagradáveis e que ainda estão se sucedendo. Não creio que uma contra-investida nossa, na base da violência, terá um sucesso garantido. Nossa luta deve ser travada nas cabeças das pessoas.Temos que mostrar a eles que, no mais, uma política de “anti-cultura” somente terá conseqüências e não soluções. Podemos até ser ridicularizado por tudo isso. Não podemos mentir. Tem que haver uma esperança. Nossa música não pode ficar ao léu. E nossos cabelos são tão importantes quanto toda essa história. Estamos vivendo uma década de grandes revoluções sociais. Qual de nós não tem uma fatia hippie na pele, ou jeito de ser e pensar, quem sabe. É muito importante, gente, que jamais, em momento algum nossos corações tenham uma atitude de fuga perante uma barreira da qual ainda sabemos se realmente é intransponível.
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