BARRA DE JEANS - TEATRO DE MARCO MENDES di SIERVULI

Marcita:
Explique-se.
André:
Governar com a força nunca deixou de trazer à História lembranças de extorsão e combate à cultura. Perseguições e assassinatos, é realmente o caos.
Não podemos esquecer que o saber, a cultura, sempre importuna os menos “saberosos” ou “ neoburros” , no figurativo evidente, mas que detêm o poder, seja pelo fator regime ou pelo fator capital.
Nós estamos diante de um fato equivalente a um não à liberdade, liberdade essa que nada mais é que um direito nosso, liberdade essa que se faz a cada momento.
Muganga:
Mais concreto: o perigo é eminente e estamos perdendo nossa liberdade cultural.
André:
Certo. E digo mais, sem querer ser um futurologista: vamos perder muito mais que nossa própria liberdade. Perderemos os fatos.
Marcita:
Somente gostaria de saber o por quê?
João:
Ora, Marcita. Você sabe sim, senhora. Somente não quer admitir. Sabe que à hora está chegando.
Só que o papo ainda não chegou no Geraldo,
e nem o Vandré chegou nos
“becauses” das flores.
Lois:

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E de mais, um tiro foi disparado agora. Podem estar certos que já começamos a perder algo além de nossa cultura.
Marcita: Lois, você está estranho.
Lois:
Não estranho, mas sentindo na pele essa violência.

(Nesse espaço em que o tempo se divide, os atores, por alguns momentos, rejeitam as próprias palavras do autor, e manifestam uma fala, improvisando ou não, informações em tempo real da apresentação da peça,sob as condições que o assunto seja relativo aos negócios públicos, e que a chave para o retorno ao texto original seja a fala de Gioconda).

Gioconda:
É, e isso são os fatos. (pausa)
Será que tentaram assassinar o papa?
Muganga:
Mas que cabeça! Você tem um pensamento bem adiantado no tempo.
Edu:
Pergunta: quem terá essa grande ousadia?
João:
Ei, esse tempo é tão distante! E nesse exato momento estamos há mais de uma década atrás. Por enquanto estamos querendo saber de nós, e não se os Beatles se separaram, ou se John foi assassinado, ou se a gorda dos The Mamas and the Papas morreu entalada com um “sanduba”.

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