BARRA DE JEANS - TEATRO DE MARCO MENDES di SIERVULI

maldade político-cultural?
Marcita:
De quando em quando, o sonho tenta se acabar. E não temos como nos esquivar ou trazer de vota um ideal completamente livre, e por isso fraco. Fraco diante da força, do autoritarismo degradante.
João:
É muito claro e, ao mesmo tempo, sem sortimento de saídas. Temos é que continuar a tocar. Música, rock. Ok?
Muganga: A questão se resolve em um ato. Não é assim que eles fazem. Em um ato.
João:
Em um ato, tai o casamento.
Vamos esquecer tudo que somos, ou que queremos, ou ainda haveremos de querer, e vamos nos casar. Vamos ter lindos filhos e uma casinha bonitinha. Uma gatinha adorável, um monte de livros, que nunca lemos, e mil sonhos esquecidos, que lembramos todas as vezes que vamos ao banheiro.
Estão vendo?
Em um ato, tudo se vai e nada fica. Nada é constante dentro de nós. Somos um bando de tolos sonhadores, românticos e apaixonados. Nada mais que uma estrela cadente. Nada mais que um não.
E tudo isso que estou dizendo está aqui dentro do peito. Eu não passo, como todos vocês, de um João Ninguém. O que poderia dizer, se somente sou um estudante e tenho uma guitarra?
E por mais uma vez, nada. Não tem fundo nem coerência tudo isso. Nem essa vasta questão de

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nossa gente de viver em paz, sem o autismo “indignante” de não ser.
Vamos correr para os braços de nossos pais e chorar. E só parar na hora em que eles nos derem chocolate. Chega.
Marcita:
Nossa dignidade é tolerante, ou é porque não sabemos resolver de quem é ou para quem é o poder?
João:
È a sua cabeça que talvez seja ruim.
Muganga:
O que é isso? Aqui não tem ninguém ruim de cabeça, ou de cabeça ruim.
Lois:
Nós nunca passamos por isso. É normal o que estamos sentindo, ou tentando fazer.
João:
Não sabia que você era amestrado em Psicologia.
Lois:
E é necessário saber análise psicológica?
João:
Não, mas é necessário ter respostas.
André:
Poderia interromper?(resposta afirmativa com gestos).
Eu sei que sou um intruso.
No entanto, tenho conhecimento político do país num ângulo bem mais real. E quero dizer que nosso lugar, nossa terra, está por mais afastada de nós do que nunca esteve.

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